Domingas Monteiro dos Santos tinha só 14 anos quando morreu, vítima de complicações de uma gestação precoce. Ela daria à luz ao primeiro filho. O bebê também morreu. Os médicos dizem que o feto já estava morto quando a menina chegou à Maternidade Carmosina Coutinho. A família contesta a versão. Diz que a morte de Domingas poderia ter sido evitada.
De acordo com a família, Domingas Monteiro dos Santos morreu por volta das 10h, mas os familiares somente foram informados depois das 13h. E o corpo só foi liberado perto das 19h. Parentes acreditam que a demora em liberar o corpo da jovem seria parte de uma estratégia para camuflar o ocorrido. Será? Quero crer que não. Outras vozes afirmam que isto estaria acontecendo reiteradamente. Será? Quero crer que não.
Domingas é de família humilde. O corpo foi enterrado num povoado da zonza rural. Se não fosse a tragédia que se abateu sobre ela, muito provavelmente, Domingas teria passado pela vida sem ser notícia. A morte da jovem expõe a realidade perversa na maternidade de Caxias, que já foi chamada de “maternidade da morte”, mas que, em 2016, após intenso trabalho de autocorreção, elogiado até pelo Ministério da Saúde, entrou nos trilhos e teve o índice de mortalidade materno-infantil recolocado dentro daquilo que preconiza a Organização Mundial da Saúde. Este ano a situação se agravou e parece ter degringolado de vez. Nunca morreu tanta gente como agora. A diferença é que, hoje, não se ouve mais barulho de “revoltosos e indignados”. Não se vê mais cruzes e velas acesas postas nas portas das igrejas da cidade. A hipocrisia se revela no silêncio ensurdecedor que paira sobre o agravamento da mortalidade na Carmosina.