Além de expor os graves problemas da Maternidade Carmosina Coutinho - que não são poucos, diga-se de passagem -, a morte da menina Domingas Monteiro dos Santos deveria servir para abrir um debate mais amplo, voltado às questões da juventude e das famílias. Domingas virou notícia depois de morrer durante um parto na maternidade de Caxias. Era adolescente, tinha só 14 anos. O bebê, do sexo feminino, também morreu. O caso abalou todo mundo e deixou os familiares da jovem inconformados. Para a família de Domingas, a morte dela poderia ter sido evitada.
É óbvio que o caso precisa ser apurado. A família da menina tem o direito de pelo menos saber o que de fato aconteceu. Tudo precisa ser devidamente esclarecido a fim de se tranquilizar a população de Caxias, sobretudo as mulheres grávidas - jovens ou não - que em breve estarão na condição de parturientes da maternidade. Mas não se deve fugir a um ponto que, tal qual a morte da jovem, precisa ser levado em conta: a gravidez precoce entre adolescentes. Os índices são assustadores. Infelizmente, de tão rotineiro, o problema está virando banalidade.
O problema é crescente, e não é só em Caxias. A cada ano cerca de 14 milhões de partos no mundo envolvem mães adolescentes. De acordo com a ONU, desse total, 1,25 milhão ocorrem em países do Cone Sul. Só o Brasil tem 21 mil jovens, com menos de 15 anos de idade, grávidas. A gravidez precoce multiplica os riscos de doença e de mortalidade, tanto da mãe como do bebê, e tem impactos negativos na vida das adolescentes, na maioria das vezes obrigadas a trocar a escola por um emprego, o que agrava a situação de pobreza em que essas meninas vivem. Que a morte de Domingas Monteiro dos Santos sirva para que as autoridades locais e a sociedade civil organizada reflitam sobre esta questão cada vez mais presente no cotidiano da nossa cidade.