A prisão de Geddel Vieira Lima - apanhado com a boca na botija, ao guardar uma dinheirama de mais de R$ 51 milhões acomodada em malas de viagem e caixas de papelão - representa grave risco para o PMDB. O partido do movimento democrático brasileiro - que nome bonito, hein? - sempre esteve no centro do poder. Independente de quem quer que seja o governo, lá está o velho PMDB de guerra como fiel da balança para formar a maioria parlamentar, num “apoio” que costuma vender caro ao ocupante do Palácio do Planalto - seja lá quem for.
Era de se imaginar que um partido com um histórico desses - com figuras que integraram o núcleo duro de todos os governos, desde os tempos da ditadura - não poderia ficar descontaminado na corrupção endêmica que varre a República. No entanto, o PMDB é um partido comandado por velhas raposas felpudas passadas na casca do alho. Daí porque os peemedebistas, ainda que suspeitos, sempre passaram incólumes por denúncias, as mais diversas. O partido é, digamos, liso. O próprio Geddel se viu envolvido numa falcatrua com dinheiro público ainda na década de 80, mais precisamente no ano de 1983, quando ocupava o cargo de diretor da corretora de valores do Banco Estadual da Bahia (Bandeb). À época, Geddel tinha 25 anos, apenas, mas já dava nó em pingo d’água.
Agora, o cerco fechado em torno de Geddel pode complicar a vida mansa de muito cacique peemedebista. Geddel Vieira Lima está para o PMDB, assim como Antônio Palocci está para o PT. Os dois não são soldados rasos, não. Muito pelo contrário, ambos são generais de alta patente, profundos conhecedores dos podres poderes e esquemas, nas suas respectivas fileiras partidárias. Palocci resistiu o quanto pôde, antes de entregar a cabeça de Lula. E Geddel, até quando resistirá?